Passados alguns dias das chuvas que arrasaram algumas cidades da Região Serrana do Rio de Janeiro, subimos a serra no sábado, 22 de janeiro, em direção a Teresópolis. Fomos num pequeno grupo de quatro pessoas e na ocasião levamos brinquedos, materiais de pintura, escrita, massinha de modelar e a vontade de fazer mais que doações para as crianças desabrigadas da região.
Fora a movimentação de carros de serviço - Defesa Civil, Bombeiros, Polícias Civis e Militares, Guarda Nacional - a vida segue normalmente no Centro da cidade de Teresópolis, que não foi atingido pelas chuvas que arrasaram muitos bairros da periferia e zona rural. A Feirinha do Alto está funcionando ainda com baixa de visitantes o que preocupa os comerciantes.Seguimos para o Ginásio Poliesportivo Pedro Jahara (Pedrão), tendo apenas um pequeno desvio em frente à Delegacia da Polícia Civil, nada que prejudique o percurso até a Várzea onde se localiza o Ginásio. Na portaria do Ginásio há uma separação: num dos portões são entregues as doações e no outro os voluntários se apresentam. Relatamos nossa intenção de fazer um trabalho recreativo com as crianças nos abrigos e que gostaríamos de falar com a equipe responsável. Após preenchimento de uma pequena ficha, uma voluntária do Pedrão, ouviu nossa proposta e após tentativa frustrada de localizar a Equipe Psicopedagógica, disponibilizou a lista de abrigos na cidade para que pudéssemos nos organizar.
Não havia uma lista específica por abrigo, optamos por seguir para a Igreja Batista Central no bairro Barra do Imbuí. Na ocasião eram 140 pessoas alojadas, sendo 40 crianças. Logo que chegamos percebemos a movimentação de um grupo do Estado que cadastrava os abrigados no Bolsa Família e no Programa Minha Casa, Minha Vida. A responsável pelas atividades com as crianças no abrigo nos levou até uma sala montada para recreação. Nessa sala havia algumas crianças e adolescentes brincando com a supervisão de duas voluntárias vindas de São Paulo.
Fomos preparados literalmente para brincar, contar histórias, ouvi-las e principalmente dar afeto. Assim que descarregamos o material do carro, as crianças e adolescentes foram chegando e chamando os colegas. As idades variavam entre 2 e 15 anos. Além das crianças alojadas, descobrimos que outras do bairro viam também naquele espaço um momento de brincadeiras. Essas crianças e adolescentes não foram diretamente atingidas pelas chuvas, não perderam suas casas, mas sofrem com a falta de políticas públicas de lazer e cultura nas periferias.
Em meio as crianças e adolescentes havia um cadeirante que encantava por sua espontaneidade. As bolas de encher fizeram sucesso e coloriram a pequena sala. Foi uma tarde muito agradável, em meio a brinquedos, livros e muitas cores das massinhas de modelar, lápis de cor, giz de cera e canetinhas. Uma das meninas ensinava as colegas como confeccionar bonequinhas com a massinha de modelar. Outras montavam os quebra-cabeças que levamos. Na bancada muitas desenhavam. Alguns desenhos retratavam a devastação das chuvas na vida desses pequenos, mas pouco falaram sobre esse assunto. As falas foram substituídas por sorrisos, nossos e deles.
Ao final da tarde, passamos em outro abrigo para deixar material para recreação. Lá encontramos uma professora da zona rural da cidade que nos relatou que sua escola também estava funcionando como abrigo com 80 pessoas, entre elas, aproximadamente 30 crianças. Para essa escola também foi enviado material de recreação.
Descemos a serra cheios de expectativas e ideias, planejando como dar continuidade ao trabalho. E o resto da história vocês podem conferir a cada relato de cada voluntário nesse blog.
Escrito por Daniele Monteiro, representante do grupo composto por Carlos Possat, Paulo Carrano e Teresa Dias
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