Nilza Alves
Ouvi dois relatos ontem sobre tragédias e voluntariado.
1. O primeiro veio de uma voluntária que ajudou na tragédia do Morro do
Bumba, abril de 2010:
" Os sacos de doação se amontoavam. No meio do caos, uma idosa parou .
e me pediu ajuda. Precisava de uma camisola. De algodão!
Parei, atordoada. Camisola de algodão numa hora dessa? Ali, nem
pensei direito. Disse que ia tentar. Mas, voltando pra casa, a imagem
daquela mulher e o cenário de destruição à sua volta o tempo todo na
minha cabeça. Sem casa, sem família, sem amigos. Achei justo que
tivesse uma camisola. Era sua referência a uma vida que havia
desmoronado com a chuva. Consegui . Ela recebeu feliz da vida. E se
reconheceu novamente".
2. O segundo veio do Carrano, falando sobre vizinhos e doações:
" Ela veio trazendo massinha de modelar e um radinho de pilha. A
massinha, como vi depois, não era a que estava em oferta na loja. Ela
fez questão de comprar a mais cara. E sobre o radinho de pilha, uma
única recomendação: que eu doasse a um idoso.
Para alguns amigos que contei essa história, a memória focou a imagem
de
um pai ou um avô com o ouvido colado no rádio de pilha. Achei bonito
isso. Não só doação, mas preocupação com o outro" .
Fiquei pensando em nossa campanha. Chegar para ouvir. E, quem sabe,
ajudar a concretizar pequenos sonhos secretos.
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