quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Simplesmente incrível!



"Logo de início os olhos brilharam frente a tanta novidade e vários brinquedos diferentes. Minutos depois, as crianças passaram a realizar uma espécie de partilha de unidades. Seria uma tentativa de individuar-se frente a experiência avassaladora de perder suas referências e viver subtamente em coletivo? Depois disso, Brendo, que perdeu três irmãos, escreveu seu nome na parede, com giz de cera.  Estaria objetivando permanência? Lutando contra a possibilidade de desaparecimento? Outra criança, chamada Pamela se apossou de dois estojos de hidrocor, e nada demovia a idéia de tê-los para si, não queria sequer participar das brincadeiras. Apesar de ser uma criança já crescida, permanecia todo o tempo séria, com uma chupeta rosa na boca e com um olhar triste, como se sua infância tivesse sido interrompida em um passado distante. Tentei convencê-la a unir-se a nós, propus uma aposta de corrida, quem seria mais rápido? inutil. Garanti que a brincadeira seria muito divertida. Nada. As canetinhas permaneciam entre suas mãos e a menina imprimia sobre elas a maior força que podia. Como se estivesse se apegando a algo que lhe fosse muito caro. E eu queria muito inseri-la na atividade, trazê-la para junto de nós. "vai lá Pamela, você gosta tanto de desenhar" incentivava a mãe. Foi então que em um estalo, percebi que estava com uma resma de folhas em meus braços, abri rapidamente rasgando o envelope, abaixei e disse para ela em tom de brincadeira: "você tem as canetas, mas eu tenho as folhas.... então teremos que fazer isto juntas". De imediato, seus olhos tornaram-se brilhantes, e um sorriso tímido surgiu por detrás da chupeta. Ela me estendeu a mão e seguimos juntas para um dia inteirinho de atividades. No final do dia, ganhei um lindo desenho".
Simplesmente incrível! realmente "brincadeira é coisa séria"
Bárbara Breder
(psicóloga)

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